quarta-feira, 29 de junho de 2011

Inclusão educacional de crianças com deficiência mental

Matricular os filhos em escolas comuns é garantido
criança com síndrome de down
A inclusão de crianças com deficiências físicas e problemas de mobilidade nas escolas e a adaptação desses ambientes para que os estudantes possam ter autonomia ao usar o espaço e aparelhos escolares é um assunto que já se tornou familiar para a maioria das pessoas. Nem todos os aspectos desse processo, no entanto, contam com conhecimento popular, como a inclusão de crianças com deficiência intelectual ou mental nas escolas regulares.
O termo deficiência mental ou intelectual engloba pessoas que, devido a alterações no desempenho do cérebro, apresentam atraso em seu desenvolvimento cognitivo, refletindo em dificuldades para aprender, entender, se comunicar, realizar tarefas cotidianas e interagir com o meio em que vivem. As síndromes de Down, do X-Frágil, de Prader-Willi, de Angelman e Williams são algumas alterações genéticas que geram esse quadro. Além disso, Erros Inatos de Metabolismo (detectados pelo exame do pezinho) e lesões cerebrais também são causadores da deficiência intelectual.
Durante algum tempo, acreditou-se que as crianças com deficiência mental não eram capazes de participar das atividades das escolas comuns. Atualmente, especialistas e governantes defendem que elas frequentem as escolas regulares, conforme assegurado pela Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência da ONU, em 2006.
No Brasil, desde 2009 a legislação garante a matrícula de todas as crianças nas escolas regulares e também que estas prestem atendimento educacional especializado aos alunos que precisarem. O mesmo decreto firma as normas de financiamento para que as escolas públicas se adaptem às novas regras.
Para a gerente técnica da APAE São Paulo e mestre em educação pela USP, Marília Costa, a medida representa um avanço para a inclusão dessas pessoas em todas as esferas da sociedade. "As crianças vivenciam um ambiente enriquecedor tanto do ponto de vista humano, como do ponto de vista pedagógico. O convívio com as diferenças é sempre uma vantagem, nunca uma limitação ou um risco", argumenta. 
Toda pessoa tem demandas especiais
Professora com crianças em sala de aula

A Secretaria de Educação Especial do Ministério da Educação informa, inclusive, que "ambientes educacionais organizados exclusivamente a partir da condição de deficiência caracterizam-se em discriminação conforme o Decreto 3956/2001" do governo federal.
O órgão também comenta que a educação inclusiva representa a mudança do modelo de escola segregada para uma concepção de escola com objetivo de atender as especificidades de todos os estudantes. "A partir deste paradigma, que considera a condição de deficiência como parte da diversidade humana, a escola e a sociedade assumem o compromisso de atuar na eliminação das barreiras atitudinais, físicas, pedagógicas e nas comunicações", explica a equipe do Ministério da Educação.
Para a psicóloga Rosana Nascimento e Silva, do Centro de Pesquisa em Psicanálise e Linguagem (CPPL), em Recife (PE), não apenas as portadoras de deficiência, mas toda criança tem demandas únicas. "É sempre importante lembrar que cada aluno que chega é único. Não sabemos absolutamente o que poderá necessitar e onde irá chegar", ressalta.
Rosana menciona que atualmente as condições específicas de cada criança para a aprendizagem escolar são denominadas necessidades educativas especiais. "Especiais porque suscitarão a construção de adaptações curriculares e estratégias pedagógico-educativas específicas para aquela criança, não devendo ser estimulada a produção de generalizações", explica a psicóloga.
Ela ainda diz que existem casos em que as dificuldades na escola podem ser superadas com acompanhamento de psicopedagogos, "ou mesmo em alguns casos, com uma professora particular mais atenta, pais que supervisionem, ou aulas extras na escola". 
Processo de adaptação e atendimento especializado
menino com síndrome de down
Shutterstock
Adequar-se para receber as necessidades educacionais de todos os estudantes já é um dever dos sistemas de ensino públicos e privados. Medidas de adaptação precisam contemplar desde o projeto pedagógico da escola até os planos de aula, método de avaliação, tarefas de casa e a prática de cada professor com sua classe.
De acordo com o MEC, o orçamento da união para a educação contempla tanto o financiamento das instituições escolares comuns públicas para receber os alunos com deficiência como para as escolas especiais que atendem essas crianças de forma complementar. Para as escolas da rede pública, a ideia é a implantação de salas de recursos multifuncionais, a formação de professores e gestores e a disponibilização de materiais didáticos e pedagógicos acessíveis.
A lei brasileira também garante o atendimento especializado, de caráter clínico ou não, preferencialmente na rede pública, em horário diferente das aulas comuns, cuja ações devem ser planejadas de acordo com o tipo de deficiência apresentada pelo estudante.
O processo de inclusão não impede que os pais mantenham seus filhos em escolas especiais, mas, segundo a gerente da APAE São Paulo, o ensino especializado deve ser complementar ao trabalho do professor da classe comum, em contra turno, por exemplo.
"Costuma-se associar a escola especial a ensino e cuidados especializados. De fato, isso existe, mas o problema é que quando reunimos apenas pessoas com deficiência, ou com características comuns, empobrecemos as possibilidades de troca e de desafios. A busca pela homogeneidade é um mito, tanto na escola comum como na especial, pois ela não existe em essência. Todo ser humano é único, portanto as diferenças sempre existem. E mesmo que se busque a homogeneidade, ela é limitante como possibilidade de desenvolvimento humano", argumenta Marília.
A psicóloga Rosana Nascimento e Silva também afirma que mais importante do que o ensino especializado é observar as características de cada criança. "Cai-se no equívoco de pensar que a melhor escola seria uma regular ou especial pela rotulação atribuída à criança e pouco se utiliza da observação direta dela, principalmente aproveitando o que de potencialidades ela apresenta", ressalta.

terça-feira, 28 de junho de 2011

Deficiência Intelectual e beijos nas ruas da Itália sob o lema Por que não nós?


Síndrome de DownEm março de 2011, na Itália, o centro de Pádua foi pintado de vermelho, a cor do amor dos jovens com síndrome de Down que querem ter  reconhecido o direito de viver a sexualidade. A demonstração de amor entre casais com e sem deficiência  beijando-se  sob um guarda-chuva vermelho, foi acompanhada pelas pessoas que por ali passavam.

Sob o lema Por que não nós?, A conferência foi promovida pela Associação Down Dadi, que teve a participação de especialistas e políticos, incluindo o Diretor Regional dos Serviços Sociais, Sernagiotto Remo, da área de afetividade e sexualidade para pessoas com deficiência intelectual. “A participação das instituições é importante – destaca Lascioli Angelo, um pesquisador especialista em sexualidade e deficiência em Verona – porque significa que a política não é apenas consciente das necessidades das pessoas com deficiência, mas também dos seus direitos, segundo o documento das  Nações Unidas que em 2007 determinou que pessoas com deficiência intelectual têm o direito a uma vida  emocional e sexual.
Durante a convenção foi exibido o curta-metragem “Cinqüenta por cento dos dias”, que narra as diversas maneiras que você pode levantar a questão da sexualidade na deficiência intelectual, embora ainda seja um tabu para muitas pessoas.
Campanha: Por que não nós?
Outdoors espalhados pela cidade de Veneza "E perchè noi no...?


Pessoas com deficiência e obesidade

A obesidade virou uma epidemia mundial, com alimentação cada vez mais industrializada, rica em gordura e açucares, a população altamente sedentária, esta já é considerada a doença do século. Segundo, pesquisa do Ministério da Saúde cerca de 48% dos brasileiros estão acima do peso e 15% estão obesos.
Geralmente, pessoas obesas têm ou podem vir a ter problemas de colesterol, diabetes, doenças cardiovasculares, entre outros. A obesidade é agravada no caso de pessoas com deficiência, no caso  de cadeirantes.
A matéria do portal Vida Mais Livre afirma que a porcentagem de pessoas com deficiência obesas é elevada, chegando a ser de duas a três vezes maior do que da população sem deficiência. A causa seria o gasto energético menor e a ingestão excessiva de alimentos gordurosos.
Como as pessoas com deficiência movimentam menos os membros, têm mais chances de engordar, por isso é importante ter alguma atividade física, fazer treinamento funcional. Cuidar da alimentação, reeducação alimentar também podem ser formas de controlar o peso e melhorar a qualidade de vida.
No caso de cadeirantes, o excesso de peso pode afetar a coluna e dificultar até na movimentação e independência da pessoa. Somado ao fato até problemas emocionais e psicológicos. Por isso, deve aliar tratamento com nutricionista, endocrinologista, com tratamento psicológico.

Cadeiras especiais
Quando uma pessoa com deficiência engorda necessita muitas vezes de trocar a cadeira de rodas, o que ela também sente no bolso. Afinal, a cadeira de rodas e sua densidade estão associadas ao peso da pessoa. Isso também aumenta o preço deste equipamento.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Completando 20 anos, lei facilita o acesso de pessoas com deficiência no mercado, mas não reduz preconceito


RIO - A menos de um mês do aniversário de 20 anos da criação da Lei de Cotas (lei nº 8.213) para pessoas com deficiência, a empregabilidade entre o grupo está longe de ser um assunto tratado com naturalidade pelas organizações. Não são poucas as companhias que ainda preferem pagar multa do que ter profissionais com algum problema físico em seus quadros. E as que optam por respeitar a cota alegam que cumpri-la não é tarefa fácil. O maior problema é a falta de mão de obra qualificada, reclamam gerentes de recursos humanos.
Do outro lado da discussão, especialistas alegam que a maioria das companhias ainda não está preparada para adaptar pessoas com deficiência à sua cultura. Para piorar, muitas se limitam a abrir vagas apenas em níveis operacionais, onde a rotatividade é maior. O resultado, segundo pesquisa da Page PCD, divisão da consultoria Michael Page, é que 82% dos funcionários com deficiência estão insatisfeitos em suas atuais posições. Realizado com 243 pessoas com mais de 10 anos de experiência, o levantamento revela, ainda, que metade dos entrevistados planeja mudar de emprego nos próximos dois anos.
- As empresas não sabem, mas existe qualificação nesse mercado. Cerca de 51% dos participantes têm ensino superior e 19%, pós-graduação. O problema é que os gestores só olham para a deficiência e não para o potencial, o que restringe as chances de crescimento - explica Danilo Castro, diretor da Page PCD.
Prova disso é que, apesar do alto nível de escolaridade, 36% dos entrevistados ainda não foram promovidos. A maioria (58%) atua como auxiliar administrativo, contra só 14% que ocupam cargos de supervisão ou gerência.
- As empresas ainda não conseguiram enxergar esses profissionais como pessoas capazes de galgar posições na companhia. A maioria das organizações se preocupa apenas em cumprir a cota, sem focar na qualificação dessa mão de obra ou em iniciativas que poderiam melhorar seu desempenho - diz Castro.
Apesar dos problemas, o balanço de 20 anos da norma - que entrou em vigor no dia 24 de julho de 1991 - é positivo. Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), 7.508 pessoas com algum tipo de deficiência foram inseridas no mercado nos três primeiros meses deste ano, o que representa um crescimento de 40,7% em relação ao primeiro trimestre de 2010, quando 5.338 trabalhadores foram incluídos. A lei estabelece um percentual de profissionais com deficiência de acordo com o total de funcionários da empresa e multa para o descumprimento.
Funcionário de informática da Michelin, o analista de sistemas Pedro Fuenzalida, de 33 anos - cadeirante desde que levou um tiro num assalto - não só trabalha em sua área como também vislumbra oportunidades de crescimento dentro da empresa. Mas sabe que é uma exceção diante de um mercado que costuma nivelar por baixo:
- Quando entrei, há seis anos, a preocupação com o assunto não era tão grande. Devo ter sido um dos primeiros cadeirantes da empresa. Hoje a companhia não só está enquadrada como também está atenta à questão da diversidade - diz Fuenzalida, que tem duas pós no currículo.
Apesar de as estatísticas mostrarem que o número de contratações vem aumentando do ano passado para cá, a média nacional de cumprimento da lei é de apenas 21,4%. Ou seja: de cada dez vagas que o país deveria destinar a pessoas com deficiência, apenas duas são efetivamente preenchidas.
Os dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), funcionam como um estímulo a mais para o Instituto Brasileiro dos Direitos das Pessoas com Deficiência (IBDD) intensificar sua programação de cursos de capacitação e processos de encaminhamento profissional. A instituição conta com 40 mil currículos cadastrados, sendo um quarto de candidatos com nível superior. Mas nem o volume de pessoas bem preparadas à disposição no mercado tem estimulado as empresas a cumprir a cota.
- O mercado já teve bastante tempo para se ajustar. E é claro que a lei nos fez sair do zero para alguma coisa. Mas ainda temos um longo caminho a percorrer. A resistência das organizações ainda é grande e a fiscalização ineficiente - diz Teresa Costa d'Amaral, superintendente do IBDD.
Neusa Nascimento, diretora da Simetria RH - que desenvolve programas de contratação desse público - afirma que, com o aquecimento do mercado, o profissional que se sente discriminado (seja por questões salariais ou relacionadas à carreira) não hesita mais em buscar outras oportunidades.
- Por não investirem num mapeamento funcional de sua estrutura, muitas empresas não enxergam possibilidades de contratação além das funções operacionais. O resultado é que elas acabam perdendo talentos para o mercado - diz.
No caso da Unimed-Rio, o problema está longe de ser rotatividade: o difícil é cumprir a cota. Com 1,8 mil funcionários, seu quadro deveria ter 90 pessoas com deficiência, mas só 30 estão contratadas. Segundo Cláudia Maltese, gerente da área de Gestão de Pessoas, a saída para acelerar o processo de admissão é investir em um programa especial de recrutamento. Criado em 2009, o projeto "Trainees especiais" abrirá, em breve, mais 15 vagas:
- Selecionamos candidatos com ensino médio para trabalhar em diversas áreas, tendo como suporte um programa de formação técnica e comportamental com mais de 370 horas. Há treinamentos sobre empreendedorismo, mercado de trabalho, sustentabilidade e informática. Também nos preocupamos com a sensibilização de outros funcionários para facilitar a adaptação desse grupo.
Leia a reportagem na íntegra no Globo Digital (versão exclusiva para assinantes).

Autoridades explicam políticas do programa Brasil Sem Miséria voltadas às pessoas com deficiência

Para saber de que forma o programa Brasil Sem Miséria contempla as pessoas com deficiência, a Subcomissão Permanente de Assuntos Sociais das Pessoas com Deficiência, realizará audiência pública na manhã de quinta-feira (30). O debate foi solicitada pelo senador Lindbergh Farias (PT-RJ), presidente da subcomissão, que funciona no âmbito Comissão de Assuntos Sociais (CAS).
Foram convidados para a reunião Ana Fonseca, secretária-extraordinária de Combate à Extrema Pobreza, do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome; Moisés Bauer, presidente do Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência (Conade); e Regina Atalla, presidente da Rede Latino-Americana de Organizações Não-Governamentais de Pessoas com Deficiência e suas Famílias.
A audiência será a primeira do plano de trabalho sugerido por Lindbergh e aprovado pela subcomissão no último dia 16. Ao defender sua proposta, o senador salientou que a questão da pessoa com deficiência sempre estará inserida na discussão de uma solução para a pobreza extrema.

Fonte: José Paulo Tupynambá / Agência Senado

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Tecnologia Assistiva apoiando a educação inclusiva no Brasil


Os alunos com deficiência, de todos os níveis escolares,  dependem fundamentalmente de recursos e soluções que os apoiem na superação de dificuldades funcionais no ambiente da sala de aula. O aprender e a realização de tarefas na escola, junto com toda a turma, são desafiadores para eles, seus familiares, colegas e professores.
Alguns professores desenvolvem adaptações como: Engrossar o lápis para facilitar a escrita, afixar a folha com uma fita adesiva para que ela não deslize, ou ainda, colocar um assento e um encosto de cadeira que possibilite o uso pleno das mãos. Com isso, eles estão possibilitando soluções a partir do reconhecimento de um universo particular. Assim, a  Tecnologia Assistiva deve ser concebida com a finalidade de solucionar problemas funcionais permitindo a pessoa com deficiência desenvoolver-se  plenamente como seus pares.
A informática é um exemplo disso. Ela mantém  projetos que permitem soluções com a finalidade de responder às necessidades concretas de cada aluno. Os hardwares ou softwares especiais de acessibilidade com simuladores de teclado e de mouse, com varredura que podem ser baixados gratuitamente via Internet, vem revolucionando o ensino de pessoas com deficiência .
Mas, os investimentos em programas de formação dos professores  para a apropriação e o uso de plataformas são ainda bastante tímidos e insuficientes. Essas ferramentas não podem ser somente acessíveis, sendo necessário que os desenvolvedores que vão disponibilizar conteúdos saibam remover barreiras de acessibilidade em relação à diversidade dos usuários. Assim, o uso das tecnologias de informação deve considerar as necessidades de todos os possíveis usuários, inclusive as pessoas com deficiência, os idosos, os usuários de conexão lenta ou com equipamentos de informática antiquados ou modernos.
É um grande desafio para a escola, que tem por missão, assegurar equiparação de oportunidades para todos, respeitando as diferenças, incentivando o desenvolvimento ao máximo do potencial, além de garantir  sua inclusão no grupo.
Para maiores informações sobre o tema, o Instituto de Tecnologia Social ITS Brasil, disponibiliza na página:
A publicação:
A Tecnologia Assistiva nas Escolas recursos Básicos de acessibilidade Sócio-digital para Pessoas com Deficiência.

terça-feira, 14 de junho de 2011

Curso de formação para educação inclusiva na ADEFAV


FIES patrocina capacitação de 290 profissionais
A ADEFAV inaugura a partir de junho de 2011 o NEAD - Núcleo de Ensino à Distância em projeto financiado pelo FIES – Fundo Itaú de Excelência Social. A instituição do Terceiro Setor especializada no atendimento de crianças com deficiência múltipla, surdocegueira e deficiência visual foi uma das organizações que recebeu o reconhecimento e apoio do FIES para a implantação de ambiente de aprendizagem virtual em plataforma moodle, desenvolvido especialmente para a ADEFAV.
O primeiro curso, que começa em 28 de junho, será “Formação de educadores para a inclusão familiar, educacional e social de crianças com deficiências de zero a cinco anos de idade” e terá 24 horas na modalidade de ensino à distância e 16 horas presenciais. O objetivo é preparar profissionais da educação e saúde, que trabalham com crianças de até cinco anos de idade, a identificar, avaliar e programar atividades funcionais e significativas para o desenvolvimento global das crianças incluídas na educação

A relevância do curso está associada às políticas atuais de inclusão escolar, que tem levado ao aumento gradativo de crianças com surdocegueira e com deficiência múltipla que buscam por oportunidades de educação, quer nas escolas especiais, quer nas escolas regulares. Mas por outro lado, avalia a coordenadora do projeto e diretora técnica da ADEFAV Maria Aparecida Cormedi “os professores destas escolas têm relatado dificuldades na intervenção com essa parcela de alunos, particularmente quanto à linguagem, comunicação; acessibilidade e à elaboração de programas educativos e abordagens curriculares”.
O curso conta com parceria da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo, prevendo a capacitação de 195 profissionais de educação infantil da rede regular municipal, além de 95 profissionais das áreas da saúde e educação de diferentes municípios selecionados por meio de ficha de inscrição.
As inscrições acontecem de 10 a 17 de junho, e para maiores informações ver o edital para a seleção de candidatos:http://home.adefav.org.br/content/edital_itau.pdf
Serviço
< >Curso: “Formação de educadores para a inclusão familiar, educacional e social de crianças com deficiências de zero a cinco anos de idade”.Inscrições: 10 a 17 de junhoInício das aulas: 28 de junhoInformações: 3571-9511 / 9517Site: http://home.adefav.org.br/content/edital_itau.pdfwww.adefav.org.br

ADEFAV- centro de recursos em deficiência múltipla, surdocegueira e deficiência visual


FENAPAES - Semana Nacional da Pessoa om Deficiência



É fato que, historicamente, existe uma grande dívida social para com as pessoas com deficiência. Ao falar de dívida, faço referência a grande falta de políticas públicas voltadas para garantia de qualidade de vida das pessoas com deficiência na América Latina até o século XX, a falta de direitos assegurados em leis, a falta de debates sociais e políticos a respeito das necessidades das pessoas com deficiência e a falta de apoios voltados às necessidades de cada deficiência, o que justifica a dificuldade de cobrar que os direitos, agora assegurados à pessoa com deficiência, sejam de fato cumpridos em sua totalidade, assim como ainda são difíceis os debates sobre os temas que envolvem as perspectivas dos movimentos sociais.

Carta da Organização dos Estados Americanos, no artigo 3, alínea j, fala sobre o princípio "a justiça e a segurança sociais são bases de uma paz duradoura". A justiça somente é conquistada quando as leis que garantem os diretos de um povo é respeitada em sua totalidade. Direito é a garantia de princípios necessários para qualidade de vida de uma sociedade. Assim, no Brasil, para assegurar uma sociedade justa contamos com as garantias já estabelecidas na constituição de 1988, no revolucionário artigo 5º que, na sua introdução expõe: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade”. Estes princípios foram garantidos através de inúmeras lutas sociais da geração passada, que nos deixaram como legado garantir esses princípios, para que tenhamos uma sociedade de fato justa.

Os princípios constitucionais são a base para formulação de conceitos dos movimentos sociais das mais variadas vertentes. As entidades de luta de direitos da pessoa com deficiência têm sido militantes na garantia dos princípios constitucionais conseguindo o avanço de importantes pontos fundamentais para qualidade de vida da pessoa com deficiência em vários níveis, como: autonomia e participação na sociedade, atendimento clínico, acessibilidade física, conquista de apoios em locais de grande circulação, criação de conselhos municipais e estaduais para debates sobre a situação da pessoa com deficiência nestes contextos, dentre outros avanços sociais. Agora a luta é fazer com que todas as pessoas com deficiência tenham acesso a essas garantias e criar meios para que possam expressar suas necessidades para buscar novos espaços. Desta forma, as entidades são agentes de desenvolvimento social sem as quais o estado brasileiro não teria avançado na conquista da justiça para as pessoas com deficiência.

Avançando na luta por respeito aos direitos da pessoa com deficiência, a Federação Nacional das Apaes se dedica a ouvi-las a respeito das suas expectativas, criando espaço para que elas possam nos mostrar qual caminho deve ser seguido pelos movimentos sociais nos próximos anos, resgatando um dos direitos mais básicos de todo ser humano, que é a liberdade de expressão, que há muito tinha sido retirado das pessoas com deficiência por diversas culturas e sociedades, o que chegou a nós como herança.

Platão, em seu livro “A república” descreve a situação da pessoa com deficiência no estado da seguinte maneira:

Sócrates — As crianças, à medida que forem nascendo, serão entregues a pessoas encarregadas de cuidar delas, homens, mulheres ou homens e mulheres juntos, pois as responsabilidades são comuns aos dois sexos.

Glauco — Estou de acordo.

Sócrates — Estes encarregados levarão os filhos dos indivíduos de elite a um lar comum, onde serão confiados a amas que residem à parte, num bairro da cidade. Para os filhos dos indivíduos inferiores e mesmo os dos outros que tenham alguma deformidade, serão levados a paradeiro desconhecido e secreto.


Glauco — É um meio seguro de preservar a pureza da raça dos guerreiros.

Este diálogo foi escrito por Platão entre 380 e 370 a. C, demonstrando qual o posicionamento grego frente à questão das deficiências. Para ressaltar este posicionamento, farei referência a Plutarco (50-120 d.C.), que comenta sobre a situação da criança espartana, que era analisada por membros do governo, que verificavam sua constituição física e seu estado de saúde. Se fosse considerada normal e saudável, merecia os cuidados do Estado. Se fosse doente ou tivesse alguma deficiência física ou intelectual, podia ser imediatamente morta, sem qualquer remorso. Noção que perdurou na idade média, mudando apenas a justificativa, pois neste período a deficiência passa a ser entendida como castigo divino. Alguns senhores feudais por influência do cristianismo mantinham as pessoas com deficiência em casas de assistência mantidas por eles.

É importante citar os gregos antigos, por serem berço das mais variadas sociedades modernas, deixando impressões fortes na cultura dos povos ocidentais, como por exemplo: democracia, filosofia, olimpíadas, gêneros teatrais, poesia e muitos outros traços sociais que surgiram na Grécia antiga persistem no mundo contemporâneo.

Assim podemos culpar a cultura pelas atrocidades históricas contra a pessoa com deficiência sem nos eximir da culpa?

Esta questão motivou o movimento de contracultura no Brasil, a partir da segunda metade do século XX, quando motivados pela vontade de mudança, pais de pessoas com deficiência, amigos e profissionais de várias áreas, se juntaram para fundar as primeiras entidades e associações, com intuito de demonstrar o potencial das pessoas com deficiência e trazer o foco da discussão para questões sociais e não mais para diagnósticos clínicos de incapacidade simplesmente, pois clinicamente estas pessoas têm suas limitações, mas dentro de suas limitações são produtivas socialmente, desde que tenham oportunidades de aprendizagem.

Os gregos acreditavam que deveriam manter as pessoas com deficiência fora do convívio social para garantir uma sociedade forte, mas questiono este posicionamento da seguinte forma: como uma sociedade pode ser forte se tem medo de uma criança? Isto já não seria covardia?

Por séculos as histórias dos heróis, como: Aquiles, Odisseu, Perseu e tantos outros, extasiaram gerações pela grandeza de seus feitos. Assim proponho que reflitamos sobre as histórias de superação das pessoas com deficiência e o empenho de seus familiares para seu desenvolvimento, pois acharemos feitos tão nobres quanto os daqueles heróis. Nesta perspectiva as pessoas com deficiência e suas famílias tem nos ensinado muito sobre fortaleza e heroísmo.

Esta quebra da cultura representa a ruptura de velhos conceitos, em virtude de novos que consigam aproximar a sociedade da justiça.

A indiferença sem dúvida é uma das piores heranças culturais, sendo o ato de ignorar aquilo que é diferente. Esta é uma atitude que nos torna covardes, pois quando se começa a eximir de suas responsabilidades com o outro, o ser torna-se fraco. Contemporaneamente a indiferença tem permitido várias violências.

Como nos ensinou William ShakespeareDepois de um tempo você aprende que não importa o quanto você se importe... existem pessoas que simplesmente não se importam”, a maioria das pessoas se importa com questões de sua própria existência, o que muita vezes já é uma conquista grandiosa, como no caso das pessoas com deficiência e suas famílias que em suas conquistas diárias nos dão lições de coragem e nos faz refletir a respeito do que realmente tem valor. Sendo assim, se cada um de nós aprendesse esta lição de fazer de nossa existência um exemplo de superação e de dedicação ao próximo, como a família que luta para o desenvolvimento de seu filho, seria o começo de um mundo mais justo, seria quebrar a cultura da indiferença.

Erivaldo Fernandes Neto
Coordenador Técnico Pedagogico da Fenapaes

II CONGRESSO IBERO-AMERICANO DE DEFICIÊNCIA INTELECTUAL




A Federação das Apaes do Estado do Espírito Santo (Feapaes-ES) realiza em julho o II Congresso Ibero-americano de Deficiência Intelectual. Já foram confirmadas as presenças de especialistas internacionais nas questões relacionadas às pessoas com deficiência para palestras e 16 oficinas. Na lista estão convidados do Peru, Nicarágua, Portugal, Argentina, Espanha e também do Brasil.

O congresso terá como tema central Movimentos Sociais, Estado e Democracia, e acontece entre os dias 12 e 14 de julho no Teatro Universitário e no Centro de Educação, antigo Centro Pedagógico, na Ufes, em Vitória. Simultaneamente serão realizados o VII Congresso das Apaes do Espírito Santo e o VI Fórum Estadual de Autodefensores.

De acordo com o coordenador do evento, Washington Luiz Sielemann, o congresso ibero-americano, após sua primeira edição em 2010, teve um resultado excelente devido à sua riqueza na troca de experiências. Por isso os participantes pediram que ele se tornasse periódico.

“É uma experiência extraordinária. Neste encontro podemos ter contato com as novidades que estão acontecendo em outros países das Américas e também na Europa. Os profissionais das Apaes podem ter contato com as tendências nestes países nas áreas da legislação, defesa de direitos e novas técnicas de atendimento às pessoas com deficiência intelectual”, explicou.

O Congresso das Apaes, que acontece a cada três anos, estará focado na qualificação dos profissionais que atuam na área e as palestras estarão voltadas para este objetivo.

O Fórum de Autodefensores será um momento de militância dos atendidos, onde cada representante das Apaes poderá colocar as suas reivindicações. Além disso, eles elegerão o casal de usuários que irá representar os demais nas questões relativas à autogestão e autorepresentação de seus direitos junto à sociedade e ao poder público constituído. Os eleitos no Espírito Santo concorrerão, em novembro deste ano, durante o XXIV Congresso Nacional das Apaes, a duas vagas para os representantes nacionais dos autodefensores.

Dentro do tema proposto, o congresso vai discutir a autonomia dos movimentos sociais e sua relação com as políticas públicas. Serão tratadas ainda questões relacionadas à saúde, educação e mobilização social. Serão dois dias de palestras e um dia em que serão realizadas 16 oficinas.

O presidente da Feapaes-ES, Rodolpho Luiz Dalla Bernardina, explicou que o Congresso Ibero-americano foi um sucesso em 2010 e destacou que o Fórum de Autodefensores é um momento muito importante para o público atendido nas Apaes.

“É uma oportunidade que a Federação das Apaes dá para que seu público, pessoas com deficiência mental e múltipla, se coloque e apresente suas preocupações e reivindicações. O evento todo é uma oportunidade ímpar de trazer pessoas com deficiência, suas famílias e profissionais para nos atualizarmos e democratizarmos ainda mais a gestão do movimento Apaeano”, disse.

Confira a programação completa:

II CONGRESSO IBERO-AMERICANO DE DEFICIÊNCIA INTELECTUAL

VII CONGRESSO DAS APAEs DO ESPÍRITO SANTO

VI FÓRUM ESTADUAL DE AUTODEFENSORES

Teatro e Centro de Educação da Ufes (antigo Centro Pedagógico)

12 a 14 de julho 2011

TEMA CENTRAL: MOVIMENTOS SOCIAIS, ESTADO E DEMOCRACIA

DIA 12/07/2011

8h – Credenciamento

9h30 – Abertura Oficial

10h30 – Conferência Magna

Movimentos Sociais, Estado e Democracia

Palestrante: Dr. Júlio Wilfredo Gúzman Jara (Peru)

12h – Intervalo para almoço

13h30 – Os movimentos sociais no contexto da modernidade

Palestrante: Dr. Maurício Abdalla (Brasil)

15h30 – Intervalo

15h45 – A autonomia dos movimentos sociais e o Estado democrático de direito

Expositor: Dr. João Batista Herkenhoff (Brasil)

18h – Encerramento das atividades

DIA 13/07/2011

8h30 – Os Movimentos Sociais pelo direito à saúde

Palestrante: Dr. Gerardo Mejia Baltodano (Nicarágua)

10h – Intervalo

10h15 – Mesa Redonda A criança com deficiência, sua família e seu professor

Expositores: Ms. Blanca Nuñez (Argentina)

Ms. Fabiana de Oliveira (Brasil)

Dr. Carlos Manuel Peixoto Afonso (Portugal)

11h45 - Lançamento do livro A criança com deficiência, sua família e seu professor

12h15 – Almoço

13h30 – Inclusão escolar em Portugal: um relato de caso

Palestrante: Dr. Carlos Manuel Peixoto Afonso (Portugal)

15h30 – Intervalo

15:45 – Empreendimentos Sociais: abertura de mercado de trabalho para a pessoa com deficiência

Palestrante: Ms. Patrícia Bollini (Argentina)

18h – Encerramento das atividades



OFICINAS

14/07/2011 – Oficinas de 8h30 as 12h30 e de 13h30 as 18h30;

1 – Organizando oficinas de irmãos de pessoas com deficiência – Ms. Blanca Nuñez (Argentina) – 25 vagas;

2 – A educação inclusiva e o currículo adaptado: faces de uma mesma moeda – Dr. Carlos Afonso (Portugal) – 40 vagas;

3 – Formação política de dirigentes de Movimentos Sociais – Ms. Vanderson Gaburo (Brasil) – 40 vagas;

4 – A sexualidade das pessoas co deficiência intelectual – Ms. Carlos Boechat (Brasil) – 40 vagas;

5 – O ensino da dança no desenvolvimento das pessoas com deficiência física ou intelectual – Ms. Rosangela Bernabé e Ms. Renata Carvalho (Brasil) – 30 vagas;

6 – As Contribuições das Neuropsicologia para o desenvolvimento humano – Dra. Rosita Edler Carvalho (Brasil) – 40 vagas;

7 – O Terceiro setor sustentável: mitos e dilemas – Dr. Armindo Teodósio (Brasil) – 40 vagas;

8 – A prevenção das deficiências e a contribuição de estudos sobre genética – Dr. Gerardo Mejia Baltodano (Nicarágua) – 30 vagas;

9 – Trabalho colaborativo: leitura e produção de textos – Ms. Fabiana de Oliveira (Brasil) – 40 vagas;

10 – Informática educativa – Ms. Monica Ribeiro Mello (Brasil) – 25 vagas;

11 – A pessoa com deficiência no mercado de trabalho: uma conquista produtiva – Ms. Patricia Bollini (Argentina) – 30 vagas;

12 – Atividades físicas e esportivas para pessoas com deficiência intelectual – Dra. Sônia Bertoni (Brasil) – 40 vagas;

13 – Manuais de boas práticas: da concepção a implantação – Ms. Fausto García – 40 vagas;

14 – A arte-educação no desenvolvimento infantil – Dr. Sérgio Dias (Brasil) – 40 vagas

15 - Atendimento educacional especializado e escola especial: paralelos possíveis – Ms. Ivanilde Maria Tibola – 40 vagas

Fonte: Feapaes/ES

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Apesar dos avanços na lei, a participação de pessoas com deficiência em trabalhos formais ainda é baixa.


Mulher com headfone
Políticas públicas não parecem faltar quando o assunto é inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho. Porém, o cenário aparentemente promissor mascara a realidade dos fatos, indicam pesquisas. Somente 5% das pessoas com deficiência estão incluídas no mercado de trabalho formal. Para especialistas, o problema é de cunho social. Segundo dados do Censo 2010, 15% da população brasileira é formada de pessoas com deficiência e somente 5% delas estão empregadas, segundo Vinícius Gaspar Garcia, economista, doutor e com lesão medular.

Em sua tese de doutorado pela UnicampSite externo., Pessoas com deficiência e Mercado de Trabalho - Histórico e Contexto Contemporâneo, ele observou que apesar dos avanços na lei, a participação de pessoas com deficiência em trabalhos formais ainda é baixa. Nos últimos anos, diversas ações legislativas prometiam facilitar o ingresso dessas pessoas no mercado.

Alguns exemplos são a Lei de Cotas, que estabelece que qualquer empresa acima de 100 funcionários deve ter entre 2% e 5% de trabalhadores com deficiência, investimento em tecnologias voltadas para a melhoria da acessibilidade na educação e até Benefício de Prestação Continuada (BCP), programa que atende pessoas com deficiência de baixa renda. Porém, de acordo com o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE)Site externo., de 2007 para 2009 o número de contratações de profissionais com deficiência diminuiu em torno de 17%.

Levando em conta a faixa etária considerada produtiva, que vai de 15 a 59 anos, Garcia chegou a conclusão de que haveria cerca de 6 milhões de pessoas nestas condições no Brasil. Vitória Bernardes, 24 anos, já fez parte das estatísticas. Com 16, a porto-alegrense foi vítima de bala perdida e se tornou tetraplégica. Em 2008, recém-formada em psicologia pela PUC-RSSite externo.Vitória sentiu dificuldade na hora de ingressar de vez na sua profissão.

"Logo que saí da faculdade, pensei que seria fácil conseguir um emprego, até por causa da Lei de Cotas. Para minha decepção, deparei com uma realidade muito incoerente e contrária a isso. Para as empresas, o que conta na hora de contratar uma pessoa com deficiência não é a qualificação e sim o quão menos deficiente ela é. Muitas vezes ouvi que o que impedia minha contratação era a falta de acessibilidade", disse.

Atualmente, trabalhando na ONG Rumo Norte, que auxilia pessoas com deficiência a conseguir vagas profissionais, Vitória percebeu que o problema é uma questão social. "Nossa maior dificuldade na ONG é de empregar pessoas de nível superior, pois vagas especializadas não são 'confiadas' a pessoas com deficiência", explica.

A psicóloga ainda destaca que o preconceito é outra grande questão, e ocorre devido a falta de informação e principalmente de convivência. "Nossa cultura está muito atrelada a caridade. É necessário compreender que a deficiência é apenas uma característica que precisa de adaptação, mas que não minimiza a qualificação do portador", diz.

O empresário Marcelo Borges Rodrigues, 23 anos, começou em 2007 a investir em um projeto que tem como objetivo recrutar profissionais pessoas com deficiências e qualificados. A Egalitê Recursos Humanos Especiais, do Rio Grande do Sul, visa a inclusão de pessoas com deficiência e seu diferencial é a preparação feita dentro da empresa empregadora, justamente para evitar visões preconceituosas.

"Nós temos duas frentes de clientes - os corporativos, que precisam organizar suas empresas para esse processo e as pessoas com deficiência, que auxiliamos em buscar oportunidades de emprego gratuitamente. Depois do recrutamento de pessoas com deficiência, atuamos como elo na relação entre os chefes e os contratados. Ou seja, trabalhamos também dentro do espaço empregador para preparar a acessibilidade, que é uma questão essencial para que um projeto inclusivo seja completo", afirma o jovem empreendedor, destacando que isso engloba a parte física de acesso, mas principalmente a humana, que visa a preparar chefes e colegas de trabalho.

A empresa ganhou no ano de 2009 o prêmio da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e do Ministério da Ciência e TecnologiaSite externo. como empresa jovem mais inovadora do Brasil. "O problema é que enxergam as pessoas com deficiência como um prejuízo para a economia da organização, pelo fato de terem que investir em acessibilidade. Mas isso deveria ser considerado um lucro", fala.

Para Vitória, além de acesso ser lei, isso ainda é rentável para a instituição. "Acessibilidade é lei, porém pouco fiscalizada. Muitas vezes se pensa que para tornar um local seguro é necessário montar uma grande estrutura e, mesmo se fosse verdade, falta compreender que isto facilitaria a vida de todos. A expectativa de vida aumenta cada vez mais e grande parte dos consumidores são idosos. Ou seja, tornar um local acessível é até rentável", afirma.

Outras questões apontadas na tese de doutorado de Garcia foram a falta de fiscalização da Lei de Cotas e a aposentadoria por invalidez, uma política pública que acaba por estimular o desemprego. "Na aposentadoria por invalidez, a pessoa tem que atestar sua incapacidade para o trabalho e então passa a receber uma quantia do governo. Mas para isso ela não pode voltar a exercer funções formais, a não ser que abra mão do benefício", explica.

Para o economista, a mudança desta realidade se encontra em cinco aspectos essenciais: a ampliação do conhecimento público sobre pessoas com deficiências; melhorias na legislação e políticas públicas; inclusão escolar e profissional, o que garantiria qualificação; investimentos em acessibilidade e nova forma de pensar a temática do deficiente na sociedade, acabando com estigmas como a visão que uma pessoa com deficiência é digna de pena.

10 FATOS SOBRE A DEFICIÊNCIA


1. Mais de um bilhão de pessoas vivem com algum tipo de deficiência.

Isso corresponde a cerca de 15% da população do mundo. Entre 110-190000000 pessoas têm dificuldades muito significativas no funcionamento. Taxas de deficiência estão a aumentar, devido ao envelhecimento da população eo aumento global em condições crônicas de saúde.


2. Deficiência afeta desproporcionalmente as populações vulneráveis.

Os países pobres têm uma maior prevalência de incapacidade que os países de renda alta. A deficiência é mais comum entre mulheres, idosos e crianças e adultos que são pobres.


3. As pessoas com deficiência, muitas vezes não recebem os cuidados de saúde necessários.

Metade das pessoas com deficiência não podem pagar os cuidados de saúde, comparado a um terço das pessoas sem deficiência. Pessoas com deficiência são mais de duas vezes mais chances de encontrar as habilidades profissionais de saúde "inadequada. As pessoas com deficiência é quatro vezes mais chances de relatar a ser mal tratado e quase três vezes mais chances de ser negado cuidados de saúde.



4. As crianças com deficiência têm menos probabilidade de frequentar a escola do que as crianças não-deficientes.

falhas de conclusão da Educação estão em todos os grupos de idade em todos os ambientes, com o padrão mais acentuado nos países mais pobres. Por exemplo, a diferença entre o percentual de crianças com deficiência e o percentual de crianças não-deficientes irão intervalos da escola primária de 10% na Índia a 60% na Indonésia.


5. Pessoas com deficiência têm maior probabilidade de estar desempregados do que pessoas sem deficiência.

Os dados globais mostram que as taxas de emprego são inferiores aos homens com deficiência (53%) e mulheres com deficiência (20%) do que para os homens não-deficientes (65%) e mulheres não deficientes (30%). Nos países da OCDE, a taxa de emprego das pessoas com deficiência (44%) foi ligeiramente superior a metade disso para as pessoas sem deficiência (75%).


6. Pessoas com deficiência são vulneráveis ​​à pobreza.

Pessoas com deficiência têm piores condições de vida, incluindo a falta de alimentos, habitação precária, falta de acesso à água potável e saneamento, que pessoas não-deficientes. Devido aos custos adicionais, tais como cuidados médicos, dispositivos de assistência ou apoio pessoal, as pessoas com deficiência são geralmente mais pobres do que as pessoas não deficientes com renda semelhante.


7. Reabilitação ajuda a maximizar a independência funcional e de apoio.

Em muitos países os serviços de reabilitação são inadequados. Os dados de quatro países sul Africano revelou que apenas 26-55% das pessoas receberam a reabilitação médica de que necessitam, enquanto que apenas 17-37% receberam dispositivos de assistência que for necessário (por exemplo, cadeiras de rodas, próteses, aparelhos auditivos).


8. As pessoas com deficiência possam viver e participar na comunidade.

Mesmo em países de alta renda, entre 20% e 40% das pessoas com deficiência em geral, não têm suas necessidades atendidas de assistência com atividades diárias. Nos Estados Unidos da América, 70% dos adultos dependem de familiares e amigos para obter assistência com atividades diárias.


9. Desativando barreiras podem ser superadas.

Os governos podem:
  • promover o acesso aos serviços de uso corrente;
  • investir em programas específicos para pessoas com deficiência;
  • adoptar uma estratégia nacional e um plano de ação;
  • melhorar a equipe de educação, formação e recrutamento;
  • fornecer financiamento adequado;
  • aumentar a consciência pública ea compreensão sobre a deficiência;
  • reforçar a investigação e recolha de dados e
  • assegurar a participação das pessoas com deficiência na implementação de políticas e programas.
10. A Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (CRPD) promove, protege e garante os direitos humanos para todas as pessoas com deficiência.
Até agora, cerca de 150 países e organizações de integração regional signatários da Convenção, e 100 o ratificaram. A OMS / relatório do Banco Mundial fornece a melhor evidência científica disponível para melhorar a saúde eo bem-estar das pessoas com deficiência, em conformidade com a CDPD.

Fonte: OMS