Caminhando pela Beira-Mar, nessas agradáveis tardes que só fazem em Fortaleza, vejo um grupo de pessoas vindo em minha direção. Distribuem um folheto, pego um. Era um grupo da Apabb (Associação de Pais, Amigos e Pessoas com Deficência, do Banco do Brasil e da Comunidade).
O título “Cartilha de Dicas de Relacionamento com as Pessoas com Deficiência”, em letras maiúsculas “NORMAL É SER FELIZ”.
Guardei e li com atenção, complementando com a indicação de um link recomendado (que vou reproduzir abaixo).
Mitos
A cartilha derruba alguns mitos que se têm em relação às pessoas com deficiência, orienta como se deve tratá-las, explica os diversos tipos de deficiência e combate os excessos do “politicamente correto”.
Há um capítulo dedicado às terminologias para se referir às pessoas com deficiência, propondo o combate a termos como “necessidades especiais”, “pessoas com necessidades especiais” e “portadores de deficiência”.
Mostra que se pode dizer das pessoas cegas, que são cegas mesmo, e as surdas, que são surdas (e não “deficientes visuais” ou “auditivos”). Com a ressalva de que os surdos não são mudos, comunicam-se usando a Libras (Linguagem Brasileira de Sinais) e/ou outras formas de expressão.
Terminologia
Vou reproduzir abaixo, na íntegra, o item sobre terminologia, pois creio que ajudará estudantes e jornalistas a usarem os termos corretos quando forem escrever suas matérias.
Necessidades especiais?
É importante combatermos expressões que tentem atenuar as diferenças, tais como: “pessoas com capacidades especiais”, “pessoas com eficiências diferentes”, “pessoas com habilidades diferenciadas”, “deficientes”, “pessoas especiais” e a mais famosa de
todas: “pessoas com necessidades especiais”. As “diferenças” têm de ser valorizadas, respeitando-se as “necessidades” de cada pessoa.
O termo “pessoas com necessidades especiais”, discutido desde a década de 70, referia-se às necessidades específicas de cada pessoa, com ou sem deficiência. Entretanto, no Brasil o termo acabou por ser utilizado erroneamente como identificação única de pessoa com deficiência. O mais importante é garantir a “igualdade de oportunidades”. Ao tentarmos atenuar as diferenças, é como se disséssemos: “Aceitaremos você sem olhar para sua deficiência.”
Portador (a)?
Devemos ficar atentos à evolução histórica dos termos: Termos como: “portador de deficiência”, “pessoa portadora de deficiência”, ou “portador de necessidades especiais” não são mais utilizados. A condição de ter uma deficiência faz parte da pessoa. A pessoa não porta uma deficiência, ela “tem uma deficiência”.
Tanto o verbo “portar” como o substantivo, ou adjetivo, “portadora” não se aplicam a uma condição inata ou adquirida que faz parte da pessoa. Ou seja, a pessoa só porta algo que ela pode deixar de portar. Por exemplo, não dizemos que uma pessoa “é portadora de olhos verdes”, dizemos que ela “tem olhos verdes”.
Pessoa com deficiência!
Há uma associação negativa com a palavra “deficiente”, pois denota incapacidade ou inadequação à sociedade. A pessoa não é deficiente, ela “têm uma deficiência”.
Os movimentos mundiais de pessoas com deficiência, incluindo os do Brasil, já convencionaram de que forma preferem ser chamados:
PESSOA(S) COM DEFICIÊNCIA
Esse termo faz parte do texto aprovado pela Convenção Internacional para Proteção e Promoção dos Direitos e Dignidades das Pessoas com Deficiência, aprovado pela Assembléia Geral da ONU, em 2006 e ratificada no Brasil em julho de 2008.
• Página da Apabb
• Íntegra da cartilha “Dicas de Relacionamento com as Pessoas com Deficiência” (pdf)
• Íntegra da cartilha “Dicas de Relacionamento com as Pessoas com Deficiência” (pdf)
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